Dona Elma Clara de Souza, de 99 anos, é uma grande sobrevivente das enchentes provocadas pela passagem de um ciclone extratropical pelo Rio Grande do Sul.
Ela mora em Roca Sales, uma das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas e suas consequentes inundações. O volume do rio Taquari subiu muito e deixou praticamente toda a cidade debaixo d’água. No momento da tragédia, Dona Elma estava em casa com uma cuidadora.
“Um rapazote, que vem de vez em quando cortar a grama, entrou e disse ‘Dona Elma, tá entrando água’, e eu disse ‘não tá entrando água aqui’. Quando eu vi já tava entrando água no meu quarto, de todos os lados”, relatou a idosa em uma entrevista para o portal G1.
A cuidadora ajudou dona Elma a sair da casa e a se agarrar no estaleiro de um parreiral que fica próximo à residência. A idosa permaneceu junto à estrutura por nove horas e ficou só com pequena parte do corpo para fora da água, que não parava de subir.
“O cara que salvou nos botou uma tampa de ferro que veio por cima daquela parreira e apoiou eu e a vó pelo ladinho, assim, para não deixar nós cair. Eles pegaram nos braços dela e eu ajudei a ancorar as pernas dela”, afirmou a cuidadora Carmem Beatriz Bedhun ao portal G1.
“Fiquei rezando”
Dona Elma conta que, felizmente, conseguiu manter a calma enquanto aguardava o resgate. E um detalhe dessa longa espera fez toda a diferença:
“Fiquei rezando. Cantamos, eu e a minha cuidadora: ‘Mãezinha do Céu, nos ajuda…’
E ficamos lá…”, revela a sobrevivente.
O resgate foi dramático e precisou ser feito primeiro de barco e, depois, de helicóptero. A aposentada foi imediatamente levada para a Unidade de Terapia Intensiva de um hospital, com um quadro de hipotermia. Segundo os médicos, ela está melhor e deve deixar o hospital em breve.
O ciclone no RS
O ciclone extratropical que passou pelo estado do Rio Grande do Sul deixou, pelo menos, 46 mortos e um rastro gigante de destruição em mais de 80 municípios. Segundo o último levantamento, 25 mil pessoas ficaram desabrigadas e 46 seguem desaparecidas.
De acordo com estimativas da Confederação Nacional de Municípios, a tragédia natural causou prejuízos materiais da ordem de R$ 1,3 bilhão.
Fonte: Aleteia